9 de setembro de 2017

Idade Contemporânea do Finanças Cotidianas

Na última postagem vimos a Pré-história da minha vida financeira, do momento em que comecei a trabalhar no Brasil até o momento logo antes da minha introdução ao mundo de finanças pessoais e o conceito da independência financeira. Nesta postagem irei explicar como fui exposto a este mundo e como gerenciei minha carteira de fevereiro de 2014 até hoje, para chegar na composição atual.

Como detalhei na última postagem, em fevereiro de 2014 possuía os seguintes investimentos: R$1.350 em Bitcoins, R$4.629 em BOVA11 e R$5.730 em SMALL11. Como estava pagando os fornecedores do meu casamento, não estava fazendo grandes aportes (nem sequer entendia o conceito de aportes) e estava gastando boa parte do dinheiro que sobrava no final do mês. Sem contar que havia acabado de fazer um financiamento em dezembro de 2013 de uma Harley Davidson, pois achei que seria legal ter uma. Ao lembrar dessa época da minha vida e da minha irresponsabilidade financeira, tenho vontade de voltar no tempo só para dar um soco na minha própria cara. Mas consigo também entender como aquele jovem e inocente gafanhoto de 25 anos, que ganhava relativamente bem em um emprego estável, poderia achar normal possuir um financiamento imobiliário de 25 anos e um financiamento de uma moto de R$50.000 de 4 anos, sem nenhuma reserva de emergência. Lembrando também que estava pagando um casamento que acabou custando mais que um carro popular. Aquele gafanhoto nunca havia sido ensinado sobre finanças pessoais e cresceu vendo todos ao seu redor gastarem todo o dinheiro que tinham. Ninguém na família fazia investimentos, muito menos seus amigos próximos. Mas as vezes o destino toma controle da nossa vida e nos apresenta oportunidades para nos tornarmos pessoas melhores.

Curtindo a vida... da maneira errada
Em fevereiro de 2014 duas coisas incríveis aconteceram ao mesmo tempo, como se fosse um alinhamento raro dos planetas e estrelas, daqueles que acontecem somente uma vez a cada 100.000 anos. A primeira coisa foi ter uma conversa séria com minha noiva sobre nossa futura vida financeira. Eu obviamente já havia percebido que ela era uma pessoa frugal. Não era daquelas mulheres que gostavam de fazer compras, viagens caras, ir em restaurantes ou passeios caros. E, apesar dela ganhar pouco, ela fazia um mínimo de controle financeiro via planilha de gastos. Essa foi a primeira vez que tive exposição a alguém que fazia controle de gastos de forma estruturada e que achava importante entender como estava sendo gasto seu dinheiro. Foi algo estranho, a princípio, porém eu sempre tento manter a mente aberta para coisas novas e tento analisar a raiz de qualquer nova situação ou experiência em minha vida. Então, apesar de nunca ter visto alguém fazer controle financeiro, e de parecer ridículo ela fazer este controle sendo que ganhava tão pouco, percebi que era algo que fazia bastante sentido. Como você pode entender ou melhorar algo se você não o controla?

Esta situação com minha noiva ocorreu praticamente ao mesmo tempo em que descobri o site do MrMoneyMustache. Lembra que possuia Bitcoins? Comprei um pouco de Bitcoins (uns R$800) em 2013, pois achei que era algo inovador e promissor. Na época, estava acompanhando alguns fóruns de discussões sobre o assunto e acabei me deparando com o comentário de alguém sobre o site/blog do MrMoneyMustache. Quem não conhece  o site, sugiro parar tudo que está fazendo em sua vida e ler ele inteiro. São inúmeras postagens, desde 2011, sobre os mais variados assuntos, porém geralmente voltados a frugalidade e a independência financeira. Eu li o site inteiro em alguns dias, pois era muita informação nova sobre assuntos que nunca havia visto antes. Ao terminar de ler o site, havia experienciado uma vasta expansão dos limites do meu conhecimento. Foi como descobrir um portal para Narnia no meu guarda roupas ou o portal para Hogwarts em uma estação de trem. O mundo se tornou muito mais claro para mim ao entender sobre frugalidade, independência financeira e finanças pessoais.

Fui criado vendo pessoas trabalhando até a velhice. As opções eram ficar rico jogando na Megasena ou trabalhar até a aposentadoria aos 60 anos de idade, e mesmo assim precisar depender dos filhos para conseguir chegar até a morte com uma certa dignidade. Era isso que eu via no mundo. Apesar de fazer parte da classe média, nunca havia tido exposição a nada diferente. Foi chocante descobrir que era possível parar de trabalhar ainda jovem. Foi avassalador descobrir que eu poderia juntar dinheiro e fazer ele trabalhar para mim, para que eu então pudesse nunca mais precisar trabalhar para viver bem, sem depender do governo, familiares ou amigos. Até fevereiro de 2014 eu estava preso na ilusão vivida pela maioria das pessoas neste mundo, onde todos precisam trabalhar ou então virar um marginal na sociedade, morando na rua ou sugando recursos do governo e familiares.

Ao ter a conversa com minha noiva e descobrir o site do MMM, minha visão de mundo mudou completamente. Comecei a fazer controle mensal de gastos e investimentos. Montei também um planejamento para atingir a independência financeira. Coloquei tudo numa planilha de excel que fui aprimorando ao longo do tempo e uso até hoje. Comecei também a pensar antes de gastar meu dinheiro e a eliminar gastos desnecessários. Vendi minha moto e matei o financiamento, cancelei TV a cabo e assinei Netflix, cancelei academia e personal e comecei a treinar sozinho na academia do meu prédio, comecei a prestar mais atenção para promoções e espera-las para comprar o que precisava, etc. Reduzir gastos merece uma postagem específica, porém já discorri sobre o assunto na postagem Gastar menos e ganhar mais. Acredite ou não, está simples mudança de mentalidade permitiu reduzir meus gastos mensais de R$14.000 para 10.000 em menos de seis meses.

Segue um super resumo das minhas despesas e receitas de 2014-2017, e dos consequentes aportes:
Resumo financeiro da Idade Contemporânea
Como pode ver, os gastos diminuíram muito ao longo do tempo, mesmo estando casado a partir de 2015. A receita aumentou em 2015, ao unificar a minha receita com da minha esposa, porém não aumentou em 2016, pois ela parou de trabalhar por um tempo devido ao nascimento do meu filho. Farei outra postagem no futuro sobre mulheres, casamento e a formação de uma família. Mas resumindo, acredito que a nossa missão nessa breve existência é ter filhos e cumprir o papel de pai e mãe adequadamente, fazendo com que fique uma geração melhor para garantir o sucesso e sobrevivência da nossa espécie. Mulher é uma parte vital desta missão. Homem que tem receio de casar e formar uma família é homem inseguro e frágil, sem estrutura e preparo emocional, na minha opinião. Mas isto é um assunto complexo e merece o devido detalhamento numa postagem específica.

Tendo visto as despesas e receitas do período, podemos ver agora os investimentos realizados. Segue uma tabela simples mostrando os investimentos que tive ao longo do período:
Resumo dos investimentos da Idade Contemporânea
Desde fevereiro de 2014, investi R$343.000 em ativos da tabela acima através de aportes mensais. Neste período, estes aportes renderam R$89.000, com uma taxa média de retorno de 1,1%a.m. Daqui para frentes você poderá acompanhar a evolução destas informações mês a mês.

Na próxima postagem irei falar sobre como faço a gestão da minha carteira e porque tenho os ativos em minha carteira atual.

4 comentários:

  1. Excelente postagem FC e o mais interessante que você ainda tem um bom espaço para trabalhar e melhorar o aporte. Também estou nesse ritmo de cortar despesas e maximizar aportes. Abraço!

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  2. É isso ai, FB! De passo em passo chegaremos lá. Cada vez dando passos maiores!

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  3. Estava indo bem até o "Homem que tem receio de casar e formar uma família é homem inseguro e frágil, sem estrutura e preparo emocional, na minha opinião. Mas isto é um assunto complexo e merece o devido detalhamento numa postagem específica." Espera até o primeiro divorcio p formar opinião....

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    1. O divórcio representa um grande fracasso numa importante decisão da sua vida. Ambos falharam para chegar no ponto do divórcio. Divórcio é parecido com fechar uma empresa. Mas nem por isso condenamos o empreendedorismo, certo?

      Reafirmo o que disse. Homem de verdade não tem medo de casar e formar uma família. Homem de verdade acha a mulher certa para ele e faz o papel de marido bem feito, como em qualquer outro aspecto, como a abertura de uma empresa.
      Medo e desconfiança não te leva ao sucesso em nenhum ramo da vida.

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